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Trabalhadores, uni-vos! 2026 é logo ali

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(Fonte: @artivistha)                  Este não é um protesto contra um deputado, é uma carta aberta aos trabalhadores. Em meio à mobilização popular pela tramitação da PEC que põe fim à jornada de trabalho em escala 6x1, vi nas redes sociais recorte do pronunciamento de um deputado federal do Tocantins que me fez voltar a escrever a vocês após onze meses longe do blog.           “Não assinar não é ser contra o trabalhador”, disse o deputado. Ao ler tal afirmação, tive de parar o serviço doméstico para pontuar alguns itens: o primeiro é que, para produzir efeito de empatia pelo tema, o deputado usou de uma negação para fazer sua afirmação (nos estudos de linguagem, chama-se lítote a figura de pensamento que faz esse jogo com o intuito de amenizar o que é dito; para a análise do discurso segundo Ducrot, toda negação implica uma afirmação); segundo, na tentativa de amenizar sua opinião para q...

A política do ‘morde-assopra’ na dinâmica neocoronelista tocantinense

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Conforme os dicionários, quando se diz que determinado indivíduo “morde e assopra” significa que prejudica/magoa a outro por seus atos ofensivos, mas depois passa a agradar ao sujeito anteriormente ofendido, em gesto de desculpas no intuito de silenciar/apagar a situação desconfortável anteriormente provocada. Máxima popular que tem referência n o comportamento dos morcegos por sugarem o sangue de suas vítimas sem que estas percebam, cai como uma luva no recorrente contexto político tocantinense. Não é que a população do caçula entre as unidades federativas seja de sanguessugas. Desde os tempos dos coronéis de capitanias hereditárias, no papel temático de eleitor, o povo aparece como vítima das mordidas suaves de seres que aparentam ser inofensivos, mas que atacam suas presas silenciosamente. As metáforas aqui mobilizadas, servem para ilustrar o mais novo ataque que o povo do Tocantins sofreu com o bando que atua no cenário político local. No apagar das luzes e em revoada, em sessão ex...

É permitido sonhar!

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  Foto: Dilene Luz Este texto aborda a dureza do cotidiano ao mesmo tempo em que faz um passeio pelo imaginário, percorrendo uma reflexão sobre a realidade. Convido-o a caminhar comigo por esse entrelugar da autoficção. Imagine um lugarejo que nasceu num cantinho bem no interior do país. Com suas casinholas erguidas do topo ao final de ladeiras, compondo um zigue-zague na arquitetura local. Todas as ruas de chão batido, sombreadas por frondosas mangueiras, desembocam no verde sem-fim de campos cultivados com fileiras de babaçuais demarcando o horizonte de um céu sempre ensolarado. Bonito de se ver, não é mesmo? Renderia inclusive inspiração para uma das telas de Tarsila, Heitor dos Prazeres ou Shirley Tavares. Essa paisagem de minha infância, até bem pouco, guardava em seu interior narrativas não tão singelas como a imagem que projetava. É que nesse pedaço de país, aqui no interior, o esquecimento fez morada. Durante quase cinco décadas, essa e muitas outras comunidades ao redo...

Nordeste: lugar de gente consciente e feliz

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    Arte é busca de verdades através dos nossos aparelhos sensoriais. (Boal 1977, p. 11)           Já dizia Augusto Boal (1977, p. 23-24): “A arte apresenta sempre uma visão do mundo em transformação e, portanto, é inevitavelmente política, ao apresentar os meios de realizar essa transformação, ou de demorá-la”. Hoje deixo a você, amigo leitor, uma obra de arte. Com a sensibilidade de uma mulher nordestina, mãe, trabalhadora e estudante, a professora Rute Santos nos agracia com seu potencial estético através do fazer docente de figura de resistência política e social. Boa leitura! Nordeste: lugar de gente consciente e feliz (Autora: Rute Santos) ( Maranhão Piauí Ceará Rio Grande do Norte Paraíba Pernambuco Alagoas Sergipe Bahia ) (Música instrumental: brasileirinho)   Recital do poema de Torquato Neto “Cogito” Um poeta desfolha a bandeira e a manhã tropical se inicia Resplandente, cadente, fagueira num calor girassol ...

Barbie, mais macho que muito homem

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  A onda rosa acabou me atingindo.  A mulher fora dos padrões de ‘bela, recatada e do lar’, que nunca acompanha os filhos ao cinema para ver as histórias da Marvel e DC (tipicamente tidas como adequadas ao universo masculino), entrou em uma sala escura para conferir na telona o longa inspirado na boneca mais famosa do século XX. Mãe de meninos enfrentando a desafiadora fase da adolescência, levar os filhos e sobrinho para verem Barbie é mais um tabu que adorei desconstruir. A imagem que compõe esse texto não é mera ilustração, é o registro do que os séculos de educação machista fizeram em nosso imaginário coletivo: boneca não pode ser brincadeira de menino; homem não chora nem pode demonstrar sentimentos; ver o filme da Barbie está proibido porque só meninas vestem rosa; aos meninos, fica o azul, os cavalos, carros e a rudeza. Só decidi assistir à produção de Greta Gerwig após a semana de estreia. Sem filas e em meio a muitos comentários nas redes sociais, para além da cenogra...

82 anos de nascimento, quase 50 de saudade. Dr. Juca presente!

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Fotografias em reprodução monocromática, boletins escolares, diplomas, notícias em recortes de jornais, algumas breves cartas sem endereço do remetente. O que pode suprir a dor da falta? Os elementos expostos na galeria da Universidade Estadual do Maranhão em Porto Franco, neste São João de 2023 esforçam-se para figurativizar a trajetória do filho estudioso, do irmão carinhoso, do profissional dedicado e do militante aguerrido que teve sua jornada abreviada pela violência do Estado brasileiro. Saindo do sul do país, o jovem recém formado em medicina, toma do juramento de Hipócrates a promessa solene de consagrar sua vida a serviço da humanidade, integra as fileiras da resistência e parte para a militância política, social e humanitária. Pela rodovia Belém-Brasília, aporta às margens do Tocantins, na vida da pequena cidade e nos corações dos muitos pacientes atendidos com destreza e atenção nunca antes dedicada àquela gente simples.  A saudade plantada no seio da família que ficara ...

Professores terão de lutar por adicional de periculosidade?

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  Após receber notícia de um perfil criado com o nome "Massacre a Escola", tendo como descrição o anúncio de atentado contra colegas de uma unidade vizinha, lembrei desse relato que escrevi em 28 de outubro de 2021.  "Um homem embriagado que não faz parte da comunidade escolar chegou à nossa unidade (que não tem muro). O visitante indesejado entrou na sala do 9º ano enquanto começávamos a aplicar um teste simulado enviado. Além do constrangimento da situação que poderia ser inusitada, tive medo pelos alunos que, perplexos olhavam a cena sem entender.  Com a ajuda de uma aluna que passava pelo corredor, chamamos a gestora e um colega professor para convencer o moço a se retirar da sala para que a prova fosse realizada. Como não conseguiram sucesso na base da conversa e dando toda a atenção que o visitante inesperado queria, a gestora resolveu pedir apoio e começou a ligar para as unidades de policiamento da cidade.  Não bastasse nossa escola estar completamente vulner...